Fichamento 2


Universidade de Brasília – UnB
Faculdade de Educação – FE
Disciplina: Práticas Mediáticas de Educação
Professor: Pedro Ferreira de Andrade
2º/2012           Turma: A
Aluna: Juliane Pereira de Sales

FICHAMENTO 2

CYSNEIROS, P. G. Novas tecnologias na sala de aula: melhoria do ensino ou inovação conservadora? UNIANDES – LIDIE, v. 12, n. 1, 1999, p. 11-24.

RESUMO
A tecnologia educacional é algo presente nas salas de aulas do mundo atual. Uma das maiores referências a respeito do assunto é Larry Cuban, que apresenta em seus estudos a introdução do radio, da televisão e do computador nas escolas norte americanas ao longo da história. Ele chegou à conclusão que o uso de tecnologias na escola tem sido um fracasso. As causas desse insucesso são diversas, tais como: falta de recursos, resistência dos professores, burocracia institucional, equipamentos inadequados.
Com o aparecimento de uma nova tecnologia, as expectativas educacionais de seu uso surgem com argumentos fortes quanto a suas potencialidades, porém que na maioria dos casos fracassa devido às mesmas causas.
O autor defende que a tecnologia pode contribuir na educação, porém renega ao discurso que tenta convencer a todos que a aprendizagem por meio de objetos virtuais levou a aprendizagem no espaço real da sala de aula a obsolescência.
O Brasil apostou na utilização dos meios de comunicação na educação, como rádio e televisão, com grandes investimentos e um discurso inovador. Nos anos 1980, o Brasil passou a investir em políticas públicas em informática na educação. Nesse contexto, destaca-se o Projeto EDUCOM que mesmo não tendo alcançado muitas escolas, foi fundamental para formar pesquisadores interessados no campo da Informática na educação.
Nessa época, o computador ainda não havia se tornado bem essencial da casa do brasileiro, e muito menos da escola, por isso a contradição do uso desta tecnologia na realidade das escolas da época era bem evidente.  Como também, o fato que o seu uso estava relacionado ao ensino de informática, e não no sentido do uso pedagógico no processo de ensino e aprendizagem.
Atualmente, há o projeto PROINFO que se diferencia dos projetos anteriores na questão da formação do professor. No entanto, já podem ser apontadas algumas falhas, como a falta de articulação com os demais programas de tecnologia educativa do Ministério da Educação e a não contemplação do tema nos cursos de formação de professores nas universidades.
O autor apresenta como inovação conservadora o uso das novas tecnologias apenas para realizar tarefas que poderiam ser contempladas por outros instrumentos, resumida a isso não é explorado outros recursos e possibilidades que levem a mudanças satisfatórias no cotidiano da escola. Ou seja, o que há é "ênfase no meio e não no conteúdo” (CYSNEIROS, 1999, p. 16).
As disciplinas de fundamentação do uso desses meios na educação pouco contribuem na formação do professor na perspectiva de aplicação dos meios aos conteúdos escolares. Desta forma, as utilizações desses meios ficam limitadas a questão da aparência proporcionada que, por sua vez, aparentemente chama a atenção do aluno.
O que se pode notar é que a inovação conservadora atual diz respeito à utilização de projeções de tela de computadores que, na verdade, ampliam a capacidade expositiva do professor, cabendo ao aluno uma posição ainda, em sua maioria, passiva. A utilização de transparências normalmente é o mais presente nas aulas, contudo somente esse recurso não é suficiente se não há criatividade no seu uso.
Outros exemplos presentes na escola de inovação conservadora é a questão de softwares educativos simplistas e minimalistas que pouco se diferem de outros recursos já presentes no cotidiano escolar. Também são expressões desta inovação conservadora os trabalhos escolares feitos sem a orientação do professor, que em sua maioria são aglomerados de textos encontrados na internet.
Há muitos professores e alunos que apontam varias vantagens do uso das novas tecnologias na educação. Isto é fato, porém deve-se levar em consideração se seu uso está sendo apropriado. Pois, mesmo com todos os artefatos tecnológicos muitos professores ainda se recusam a repensar o seu modo de ensinar e os alunos, por sua vez, não identificam nas novas tecnologias novas formas de aprender. O que se faz necessário é uma reflexão dos atores da escola a respeito dos efeitos e mudanças causados pela a tecnologia na educação.
O professor muitas vezes se vê em uma situação em que deve está informado sobre tudo que é proporcionado pela a internet. Contudo, o que deve ser ressaltado são informações pertinentes e significativas ao grupo, ou seja, aquilo que faz parte no dia-a-dia dos alunos. Por isso, é fundamental que a internet esteja ao alcance das crianças com o objetivo principal de contribuir para a formação da identidade da criança, ou seja, que a internet seja utilizada para produzir e pesquisar sobre aspectos do seu cotidiano. Por isso é tão importante que o trabalho com essa ferramenta seja apropriado e contextualizado. Desta forma, estaremos lutando contra um colonialismo cultural.
A partir da utilização da fenomenologia o autor apresenta que nossa realidade é transformada com o uso de instrumentos. Desta forma, aponta que há uma seleção de aspectos da realidade com ampliações e reduções. As ampliações é o aspecto que nos deixa mais impressionados com o novo. Enquanto que a redução acontece devido à alienação causada pelas ampliações, sendo assim não é percebida.  Nesta perspectiva, a tecnologia não é neutra, pois modifica a realidade do ser. Assim, ressalta o autor que “as realidades possibilitadas pelas novas tecnologias da informação podem ser alienantes" (CYSNEIROS, 1999, p.21).
O professor, diante desse novo panorama das novas tecnologias, deverá está apto a lhe dar com sucessos e insucessos no uso destes instrumentos. Caberá a ele, construir novas formas de ensinar, estando aberto a pesquisar, a buscar, a descobrir, trocar e criar. Os profissionais devem, então, aprender a lhe dar com as ampliações e reduções causadas pelas as novas tecnologias que cada vez mais adentram as salas de aula, nem sempre preparadas para receber tanta novidade.

CITAÇÕES PRINCIPAIS DO TEXTO:
“Sua principal conclusão é que o uso de artefatos tecnológicos na escola tem sido uma história de insucessos, caracterizada por um ciclo de quatro ou cinco fases, que se inicia com pesquisas mostrando as vantagens educacionais do seu uso, complementadas por um discurso dos proponentes salientando a obsolescência da escola. Após algum tempo são lançadas políticas públicas de introdução da nova tecnologia nos sistemas escolares, terminando pela adoção limitada por professores, sem a ocorrência de ganhos acadêmicos significativos. Em cada ciclo, uma nova seqüência de estudos aponta prováveis causas do pouco sucesso da inovação, tais como falta de recursos, resistência dos professores, burocracia institucional, equipamentos inadequados.” (CYSNEIROS, 1999, p. 13)

“Vejo as novas tecnologias como mais um dos elementos que podem contribuir para melhoria de algumas atividades nas nossas salas de aula. Por outro lado, também não adoto o discurso dos defensores da nova tecnologia educacional, que mostram as mazelas das escolas (algo muito fácil de se fazer), deixando implícito que nossos professores são dinossauros avessos a mudanças. É um discurso tentando nos convencer a dar mais importância a objetos virtuais, apresentados em telinhas bidimensionais, deixando implícito que a aprendizagem com objetos concretos em tempos e espaços reais está obsoleta.”( ibid, p. 14)

“ Em escolas informatizadas, tanto públicas como particulares, tenho observado formas de uso que chamo de inovação conservadora,3 quando uma ferramenta cara é utilizada para realizar tarefas que poderiam ser feitas, de modo satisfatório, por equipamentos mais simples (atualmente, usos do computador para tarefas que poderiam ser feitas por gravadores, retroprojetores, copiadoras, livros, até mesmo lápis e papel). São aplicações da tecnologia que não exploram os recursos únicos da ferramenta e não mexem qualitativamente com a rotina da escola, do professor ou do aluno, aparentando mudanças substantivas, quando na realidade apenas mudam-se aparências.” (ibid, p. 15- 16)

“Quando analiso tais tecnologias nas minhas aulas, tenho observado reações espontâneas de professores que se impressionam, fazendo comentários tipo “que maravilha.” Tais reações são indicadores da crença secular de um grande número de educadores, que ensinar é expor, embora possam dizer o contrário. Não quero com isso afirmar que tais tecnologias de exposição não são úteis. São sim, nas mãos de mestres criativos, dentro de contextos apropriados.” (ibid, p.16)

“Alguns professores experientes percebem que quase nada mudou na sala de aula, porém outros, talvez iludidos por um suposto efeito do computador, vêm vantagens nas novas formas de apresentar o conteúdo, algumas vezes reforçadas por um discurso defendendo o construtivismo ou outros conceitos da moda, pouco ou mal-compreendidos. Os alunos também cansam-se facilmente após o efeito da novidade.”( ibid, p.18)

“A presença da tecnologia na escola, mesmo com bons software, não estimula os professores a repensarem seus modos de ensinar nem os alunos a adotarem novos modos de aprender. Como ocorre em outras áreas da atividade humana, professores e alunos precisam aprender a tirar vantagens de tais artefatos.”( ibid, p. 18)

“[...] é muito importante que coloquemos tais máquinas nas mãos de nossas crianças e adolescentes, porém sempre predominando o ato de educar, de examinar criticamente - numa atitude freiriana -, aquilo que está lá. Onde a sabedoria de um professor de uma escola rural, ou de um velho pescador da comunidade, pode ser mais importante para a formação da identidade da criança e para a sobrevivência da cultura do que toda a informação que é produzida diariamente nos lugares sofisticados do planeta.” (ibid, p. 20)

“Uma das conclusões de uma primeira análise fenomenológica superficial é que a tecnologia não é neutra, no sentido de que seu uso proporciona novos conhecimentos do objeto, transformando, pela mediação, a experiência intelectual e afetiva do ser humano, individualmente ou em coletividade; possibilitando interferir, manipular, agir mental e ou fisicamente, sob novas formas, pelo acesso a aspectos até então desconhecidos do objeto.”
( ibid, p. 21)

“Esse tipo de construção de novas formas de ensinar e de aprender, de conhecimentos novos, exigirá do professor uma atitude permanente de tolerância à frustração e de pesquisa não formal, de busca, de descoberta e criação, no sentido tratado por Demo [xxi]. Descoberta de usos pedagógicos da tecnologia já experimentados por outros, que exige comunicação, troca, estudo, exploração.”(ibid, p. 23)

COMENTÁRIOS (PARECER E CRÍTICA):
O problema do uso nas novas tecnologias encontra-se principalmente com seu uso quase que exclusivo pelos alunos, reduzido a momentos de pesquisas escolares que, por sua vez, não são acompanhadas pelos professores e acabam ficando apenas no copiar e colar. Além disso, o uso das novas tecnologias nem sempre são acompanhados por novas formas de ensinar e aprender, pois, na verdade, são apenas incorporadas no tradicionalismo escolar. Resultado: o seu uso é limitado apenas a dar mais comodidade aos professores, como também aos alunos.

QUESTIONAMENTOS (QUESTÕES LEVANTADAS E DÚVIDAS):
Como formar professores que conciliem a tecnologia com o pedagógico para além das facilidades visuais? E como fazer com que o aluno também identifique nessas tecnologias funcionalidades educacionais, e não apenas como passatempo com jogos, redes sociais, e textos prontos para trabalhos escolares? Isso são questionamentos importantes no contexto atual, porém nos cursos de formação poucos são os espaços para essa discussão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário